“Os neurônios são células de formas delicadas e elegantes, as misteriosas borboletas da alma, cujo bater de asas sabe-se lá se um dia esclarecerá o segredo da vida mental.”
Ramón y Cajal (Prêmio Nobel de Medicina em 1906)
Depois de mais de um ano vivendo uma situação inédita e marcada pela incerteza, um grande número de pessoas vive uma sobrecarga mental. A longo prazo, episódios de stress crónico e pensamentos negativos podem ter impacto na saúde, desencadeando declínio cognitivo.
Agora, mais do que nunca, é hora de cuidar da saúde do nosso cérebro. Como? Através de ações e atividades que melhorem sua qualidade de vida no longo prazo.
Da mesma forma que os músculos e o sistema esquelético, o cérebro precisa ser exercitado e mantido em níveis de atividade adequados. Para isso, é fundamental levar um estilo de vida saudável e colocar em prática determinadas atividades que promovam a concentração, a agilidade mental, a memória e a capacidade de raciocínio.
A partir dos 25 anos, o volume cerebral começa a ser perdido naturalmente, o que provoca uma diminuição progressiva das funções mentais. Portanto, é importante contribuir para fortalecer o que se conhece como reserva cognitiva. Quanto maior for a nossa reserva cognitiva, maior será a capacidade do nosso cérebro de compensar os efeitos do envelhecimento e do declínio.
A dieta é um dos poucos fatores de risco que podemos controlar para melhorar a saúde do cérebro. Recomenda-se optar por uma alimentação balanceada e com alto teor de gorduras ômega 3, rica em vegetais, verduras, frutas, legumes e nozes. Evitar excesso de sal, açúcares, gorduras trans e alimentos ultraprocessados.
O consumo de tabaco e álcool deve ser evitado porque interferem diretamente na função neuronal e são um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. A prevenção de doenças como obesidade, hipercolesterolemia e diabetes é crucial. Manter níveis de pressão arterial acima de 13o mm Hg ou superiores aumenta as chances de sofrer um acidente vascular cerebral.
Sob orientação de um profissional de saúde, os suplementos alimentares podem ser aliados na obtenção de nutrientes essenciais, sem substituir a ingestão de alimentos naturais.
Existem substâncias cujo aporte nutricional é importante para o correto funcionamento da atividade cerebral. A joia da coroa para qualquer função corporal (incluindo o cérebro) é o ômega 3 (EPA e DHA). Seu consumo é essencial para prevenir doenças degenerativas como o Alzheimer.
Destacamos também o consumo de probióticos que está associado à prevenção e melhoria do estado emocional e mental devido ao eixo direto estabelecido entre a saúde digestiva e o sistema nervoso.
Da mesma forma, a cafeína mostrou evidências poderosas para melhorar o desempenho cognitivo e reduzir o risco de doenças como o Parkinson.
O zinco e o magnésio estão emergindo como minerais essenciais para o cérebro. A deficiência de zinco está associada a diversos distúrbios neurológicos e psicológicos e o magnésio tem o apelido de mineral milagroso, associando sua suplementação a melhorias na memória de trabalho e na memória de longo prazo.
Não podemos ignorar o poder dos adaptógenos amplamente estudados, com destaque para o Bacopa. A sua suplementação promove a atenção, a memória e a aprendizagem, aumenta também a plasticidade neuronal e previne a degeneração dos neurónios.
Alguns fitoterápicos estudados mais recentemente como a sálvia, que inibe a ação das colinesterases no cérebro, aumenta os níveis de acetilcolina, estimulando a neurotransmissão.
Aminoácidos como a L-teanina atuam no cérebro regulando emoções, estado de alerta, sono, energia, bem como outras habilidades cognitivas. A sua contribuição promove o relaxamento e estimula um estado de vigília calma e atenta.
Então, temos a receita para melhorar e prevenir a saúde do nosso cérebro, com um quilo e meio de peso, milhares de vasos sanguíneos, sendo o órgão com mais gordura do nosso corpo e neste exato momento, pode estar sofrendo sem que percebamos.
Cuide dele.
Irene Barreto González
Consultor Médico Bioksan